
Fake news, desastres climáticos, inteligência artificial: quais os principais riscos globais?
As grandes transformações mundiais dos últimos anos resultaram também em mudanças expressivas nas percepções de risco. Nos últimos três anos, testemunhamos o processo de recuperação da pandemia de Covid-19, acompanhado de riscos econômicos elevados associados à inflação; avanços significativos em inteligência artificial e seus riscos relacionados à perda de empregos, à propagação de desinformação e a seu uso para crimes e ataques cibernéticos; o crescimento das fake news e o risco da desinformação, em especial atrelada a processos eleitorais pelo mundo, que ampliaram a percepção dos riscos tecnológicos; conflitos como aquele entre Rússia e Ucrânia, associado a riscos na esfera geopolítica; uma polarização social crescente e o aumento das desigualdades, contribuindo para a esfera de riscos sociais; e eventos climáticos extremos decorrentes do aumento da temperatura global, ampliando a percepção dos riscos ambientais.
O Estudo especial do BNDES 54 analisa as mudanças nas percepções dos riscos mundiais de 2022 a 2025 a partir dos Global Risks Reports (GRR), produzidos pelo Fórum Econômico Mundial (World Economic Forum – WEF). Os relatórios trazem uma análise de pesquisas realizadas no segundo semestre do ano anterior a sua publicação e partem do conceito de risco mundial como a possibilidade de ocorrência de um evento (ou situação) com impacto negativo considerável no produto interno bruto (PIB), na população ou nos recursos naturais mundiais.
A partir dos relatórios, este estudo analisa os dez maiores riscos nos horizontes de dois (curto prazo) e dez anos (longo prazo).
Principais riscos percebidos no curto prazo
No período analisado, nota-se a queda, em média, dos riscos de curto prazo, sobretudo daqueles ligados à esfera econômica, como à inflação, mas com repique da severidade de temas geopolíticos.
Percebe-se ainda que riscos tecnológicos, ligados às fake news, ampliaram em percepção e passaram a liderar o ranking, em 2024 e 2025,de riscos de curto prazo.
Percepção dos riscos no curto de prazo
Fonte: Elaboração própria com base em WEF (2023; 2024; 2025).
Principais riscos no longo prazo
Pensando no longo prazo, os riscos ambientais são os mais percebidos. No entanto, houve um crescimento da severidade atribuída aos eventos climáticos extremos e uma redução da percepção dos riscos relacionados aos sistemas do planeta. Isso parece demonstrar que apesar de uma preocupação crescente com os desastres ambientais e com a redução de seus danos – certamente em função dos eventos dos últimos anos e de seus impactos imediatos –, a percepção da urgência de medidas estruturantes para conter o aquecimento global não vem ganhando importância.
Destaque também para a inteligência artificial, que desponta como um dos dez principais riscos de longo prazo em 2024 e permanece no ranking em 2025.
Percepção dos riscos no longo de prazo
Fonte: Elaboração própria com base em WEF (2023; 2024; 2025).
Leia o estudo completo.
Conteúdos relacionados
Descarbonização dos transportes: perspectivas diante da transição energética
Um novo modelo de desenvolvimento para América Latina e Caribe