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Determinantes de curto prazo para a produtividade dos países

A produtividade é um dos temas centrais na discussão econômica desde os tra­balhos seminais, como A riqueza das nações ou O capital, permeando a obra de alguns dos economistas mais influentes da primeira metade do século XX, como Schumpeter. Sua importância decorre do fato de ser, em última análise, o fator preponderante na definição da prosperidade de indivíduos, firmas e países.

A produtividade é um dos temas centrais na discussão econômica desde os tra­balhos seminais, como A riqueza das nações ou O capital, permeando a obra de alguns dos economistas mais influentes da primeira metade do século XX, como Schumpeter. Sua importância decorre do fato de ser, em última análise, o fator preponderante na definição da prosperidade de indivíduos, firmas e países.

O termo produtividade diz respeito à quantidade de produto obtida para um dado conjunto de fatores de produção empregados, tradicionalmente, capital e trabalho. Três medidas clássicas de produtividade são, portanto, a produtividade do trabalho, a do capital e a chamada produtividade total dos fatores (PTF), que agrega ambos os fatores de produção.

A produtividade do trabalho, além de não sofrer das dificuldades técnicas existentes nas duas outras medidas clássi­cas, está mais diretamente relacionada ao nível de desenvolvimento dos países. O Gráfico 1 mostra, com dados de 2014, a forte relação entre o Índice de Desenvol­vimento Humano (IDH), calculado pela Organização das Nações Unidas (ONU), e a produtividade do trabalho, definida como produto por trabalhador ocupado. Sem pretensão de estabelecer uma relação causal entre as duas variáveis, para os 116 países dessa amostra, a correlação entre elas é de 91,3%.

 

Gráfico 1. Relação entre produtividade (em logaritmo) e IDH em 2014

BNDES - imagem ilustrativa

Fonte: Elaboração própria, com base em dados de Total Economy Database – TED (2016) e ONU (2014), respectivamente.

 

A enorme diversidade de níveis de produtividade observada entre os diferen­tes países (em qualquer tempo) pode ser bem explicada por uma série de fatores de longo prazo propostos pelos vários estudos já realizados sobre o tema. Entre eles, podem-se destacar fatores de natureza institucional, como a eficiência do sistema legal e a força dos contratos; econômica, como a acumulação de capital físico e a qualidade do capital humano; sociológica, como religião; ou geográfica, como clima.

No Brasil, a questão da produtividade tornou-se absolutamente urgente depois de mais de trinta anos de estagnação. O Gráfico 2 mostra a evolução da produti­vidade do Brasil em comparação com um grupo selecionado de países pares entre 1980 e 2016. Chile e Turquia, que tinham produtividade semelhante à brasileira no início dos anos 1980, tornaram-se duas vezes mais produtivos em 2016, em números aproximados. Os países que também experimentaram certa estagnação, Argentina, México e África do Sul, partiram de um patamar cerca de 50% maior que o brasileiro e assim permanecem. Por último, a China, que, em 1980, tinha um décimo da produtividade do Brasil, está praticamente empatada em 2016. Se, no longo prazo, a prosperidade depende da produtividade, o Brasil, definitivamente, precisa de um ajuste de rumo.

 

Gráfico 2. Comparação da evolução da produtividade – Brasil versus pares

BNDES - imagem ilustrativa

Fonte: Elaboração própria, com base em dados de TED (2016).

Como já foi dito, a produtividade depende, primordialmente, de fatores de longo prazo. Isso não significa, no entanto, que não haveria outros fatores com influência já no curto prazo com algum impacto. Mapeá-los é relevante.

 

Esse conteúdo faz parte da introdução do Texto para Discussão 118, intitulado Determinantes de curto prazo da produtividade dos países: o que os dados têm a nos dizer?, de autoria de João Marco Braga da Cunha.

 

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