Pular para o conteúdo principal

Menu

Economia e desenvolvimento Post

Apoio à infraestrutura nas origens do Banco

No início dos anos 1950 o Brasil era um país essencialmente agrícola. Com poucas indústrias, o café e o açúcar ainda sustentavam a economia e grande parte dos produtos consumidos no país era importada. Em 1951, durante o segundo governo Vargas, foi criado o Plano de Nacional de Reaparelhamento Econômico. O plano tinha o objetivo de expandir serviços básicos de infraestrutura, principalmente de transporte e energia, que se apresentavam como empecilhos ao processo de industrialização.

No início dos anos 1950 o Brasil era um país essencialmente agrícola. Com poucas indústrias, o café e o açúcar ainda sustentavam a economia e grande parte dos produtos consumidos no país era importada. 

Em 1951, durante o segundo governo Vargas, foi criado o Plano de Nacional de Reaparelhamento Econômico. O plano tinha o objetivo de expandir serviços básicos de infraestrutura, principalmente de transporte e energia, que se apresentavam como empecilhos ao processo de industrialização. 

Para executar o plano foram negociados com o governo norte-americano recursos financeiros – por meio de colaboração do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird) e do Export-Import Bank (Eximbank) – e a vinda de uma equipe de técnicos para auxiliar o programa de desenvolvimento econômico brasileiro. 

Com quase duzentos técnicos norte-americanos e brasileiros, a Comissão Mista Brasil-Estados Unidos (CMBEU) realizou seus trabalhos entre 19 de julho de 1951 e 31 de julho de 1953, no âmbito do Ministério da Fazenda, analisando os principais problemas econômicos do país. A meta era a criação de condições para o incremento do fluxo de investimentos públicos e privados, nacionais e estrangeiros, para acelerar o desenvolvimento industrial e econômico brasileiro. O objetivo imediato era preparar projetos específicos para inversões de capital em setores básicos, capazes de assegurar o crescimento equilibrado da economia nacional.

No total foram apresentados 41 projetos ligados a energia e transportes. Cada projeto correspondia a um ponto de estrangulamento que prejudicava o desempenho industrial do país. Para gerir o Fundo de Reaparelhamento, que viabilizaria a execução do plano de desenvolvimento, e dar andamento a esses projetos, foi sugerida a estruturação de um banco de desenvolvimento.

Assim, em 20 de junho de 1952, pela Lei 1.628, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) foi criado como uma entidade autárquica, com autonomia administrativa e personalidade jurídica própria, inicialmente sob a jurisdição do Ministério da Fazenda. Nos primeiros anos, a principal fonte de recursos viria do Fundo de Reaparelhamento Econômico, constituído por adicionais sobre o Imposto de Renda e depósitos obrigatórios de parte das reservas técnicas das companhias de seguro e de capitalização. O Banco ficaria responsável pela negociação de empréstimos externos para o financiamento do Plano de Reaparelhamento e por executar as operações financeiras conexas.

Além do respaldo financeiro, o BNDES deveria realizar análises econômicas e identificar os principais problemas do país, definindo sua linha de ação. O Banco assumiu um papel estruturante e de agente direto nos setores que exigiam investimentos de longo prazo. 

 

Transporte e energia: primeiros projetos

Os primeiros projetos apoiados pelo BNDES seguiram as diretrizes estabelecidas pela Comissão Mista Brasil-Estados Unidos, com foco em infraestrutura. O transporte, por tratar-se de atividade essencial e deficitária, foi o primeiro setor apoiado. No ano da criação do Banco, o único financiamento efetivamente aprovado se destinou à Estrada de Ferro Central do Brasil. Dentre os itens contemplados estavam a remodelação das principais linhas de cargas e passageiros no percurso Rio de Janeiro-São Paulo-Belo Horizonte, com a troca ou instalação de 1,2 milhão de dormentes; a substituição de seiscentos quilômetros de trilhos velhos; o reforço de pontes; a construção de uma oficina de manutenção e um terminal de triagem de carga; a substituição de 1500 vagões de madeira por outros de aço; e o acréscimo de 765 vagões apenas para atender ao crescimento da produção siderúrgica de Volta Redonda. 

Foi o primeiro de muitos financiamentos do BNDES nos anos 1950, quando o setor de energia e o de transportes absorveram 60% dos créditos aprovados. Os 40% restantes se dividiram entre os demais ramos da indústria, como papel e metalurgia.

Criado o Banco, a CMBEU ainda funcionou até 1953, quando apresentou um relatório final que concluía que as deficiências de transporte e energia eram os dois maiores gargalos do crescimento brasileiro. De fato, nos anos 1950, a escassez de eletricidade chegava a ponto de bloquear atividades produtivas, e a malha ferroviária, inadequada e desarticulada, também entravava a industrialização.

 

Plano de metas: o BNDES na segunda metade da década de 1950

A segunda metade da década de 1950 foi decisiva para o país. Os anos do governo Juscelino Kubitschek (1956-1960) foram marcados por importantes realizações, com a implantação do Plano de Metas e seu famoso slogan “Cinquenta anos em cinco”. Assim, o BNDES, como agente financiador, passou a expandir sua atuação para além do Programa de Reaparelhamento Econômico, ajustando-se às novas metas do governo JK e tendo participação central na estruturação e implantação do plano.

Todos esses investimentos começaram a refletir-se no cotidiano do brasileiro. Afinal, sem energia elétrica, como ligar os novos aparelhos de televisão, recentemente chegados ao país e assistir os primeiros jogos de futebol televisionados? Como utilizar todas as novas maravilhas elétricas: batedeiras, liquidificadores, secadores de cabelo? Sem estradas, como dirigir os novos carros que começavam a ser produzidos no país? 

Nesse processo, o BNDES cumpria seu papel financiando usinas hidrelétricas e linhas de transmissão, siderúrgicas, e novas estradas, que faziam circular mais facilmente pessoas, produtos e ideias. 

 

Texto adaptado de BNDES: 50 anos de desenvolvimento e BNDES: um banco de história e do futuro.

Se você gostou desse conteúdo, confira esses:

Capa da noticia - Democracia, desenvolvimento e mudanças climáticas no novo contexto global
Economia e desenvolvimento
Post

Democracia, desenvolvimento e mudanças climáticas no novo contexto global

Dani Rodrik, economista e professor da Universidade de Harvard, defendeu na sede do BNDES que os três maiores desafios globais – transição verde, restauração da classe média e redução da pobreza – exigem a promoção de mudanças estruturais. Conheça seus argumentos.
Capa da noticia - O impacto das cooperativas de crédito na economia local
Economia e desenvolvimento
Entrevista

O impacto das cooperativas de crédito na economia local

As cooperativas de crédito oferecem diversos benefícios econômicos às comunidades onde atuam. Ao mesmo tempo em que geram emprego, renda, arrecadação e produtividade; reduzem pobreza, fortalecem capital social e melhoram indicadores educacionais. Conversamos com o pesquisador da Fipe, Alison Pablo de Oliveira, sobre o impacto dessas cooperativas na economia local.
Capa da noticia - Futuro do FAT: impacto das mudanças recentes
Economia e desenvolvimento
Post

Futuro do FAT: impacto das mudanças recentes

Importantes mudanças institucionais e legislativas foram implementadas no FAT ao longo dos últimos anos. O futuro do FAT – e das atividades por ele beneficiadas – depende do que será feito a partir delas. Saiba mais no primeiro artigo da Revista do BNDES 60.

Capa da noticia - Texto para discussão apresenta dados do BNDES dos últimos trinta anos
Economia e desenvolvimento
Post

Texto para discussão apresenta dados do BNDES dos últimos trinta anos

O Texto para Discussão 163, “Três décadas – O BNDES depois da estabilização: 1994-2023”, de autoria dos economistas do BNDES Fabio Giambiagi, Gilberto Borça Jr. e Letícia Magalhães, apresenta um conjunto de dados financeiros e operacionais do Banco referentes ao período que vai de 1994 (em alguns casos) a 2023. Além de contribuir para que se compreenda melhor o desempenho do BNDES, o estudo buscar ser mais um veículo de prestação de contas da instituição.

O que você está buscando?