O artigo Como fundos de investimento venture capital podem apoiar o financiamento sustentável de cooperativas?, publicado na Revista do BNDES 54, traz propostas de iniciativas baseadas em um estudo realizado no Reino Unido com o objetivo de fomentar a relação das cooperativas com os fundos de venture capital, em nome de um crescimento econômico mais consciente e coletivo.
Segundo estudo do Censo Global de Cooperativas, em 2014, as cooperativas reuniam mais de um bilhão de pessoas, entre membros e clientes, com 12,6 milhões de funcionários distribuídos em 770 mil escritórios e pontos de venda, gerando lucros superiores a US$ 3 trilhões, em um total de 145 países em todas as regiões do mundo.
Alguns autores defendem que o movimento cooperativo global representa a maior organização do mundo, economicamente mais poderosa do que várias nações do G20.
A importância das cooperativas no alcance dos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) ao incluí-las como colaboradoras. Trata-se do reconhecimento de seu potencial para o desenvolvimento econômico, seja na promoção de relações comerciais, seja na capacitação de seus membros para administrá-las.
Como qualquer outra empresa, as cooperativas também necessitam de investimentos para se desenvolver plenamente. Contudo, mesmo sendo avaliadas com base nos mesmos critérios de análise de risco adotados para outras empresas, essas organizações ainda têm acesso mais restrito a instituições financeiras tradicionais ou fundos de investimento, seja pela falta de confiança em seu modelo de negócio, seja pela percepção de que têm um processo decisório mais demorado.
Tendo em vista a característica dos fundos de venture capital – capazes de capturar algumas das vantagens das ideias disruptivas, que têm maior risco de desenvolvimento e que necessitam de grandes investimentos para a expansão ou comercialização na fase inicial – o artigo “Como fundos de investimento venture capital podem apoiar o financiamento sustentável de cooperativas?”, publicado na Revista do BNDES 54, busca analisar possíveis sinergias entre esses fundos e cooperativas, em especial de alta rentabilidade, por apresentarem indicadores econômico-financeiros atrativos ao capital de risco.
No entanto, em pesquisa qualitativa, realizada no Reino Unido, com empreendedores, investidores de fundos de investimento e terceiros-relacionados[1], relatada no artigo, a combinação entre cooperativas e capital de risco causou estranheza para a maior parte dos 66 participantes.
Uma explicação plausível para isso está no perfil de investimento dos fundos de venture capital, direcionado a retorno elevado garantido e crescimento a curto prazo. Aspectos como tamanho do mercado (impactos locais ou globais, nível de competição), direitos intelectuais, equipe de gestão e regra de saída são relevantes para as decisões de investimento dos fundos.
As cooperativas também buscam lucros, mas os reinvestem e combinam seus objetivos com uma estratégia sustentável, que visa, em última instância, ao bem-estar de seus integrantes.
A análise mostrou que, para essa interação funcionar, um dos principais desafios ainda é incorporar a perspectiva social ao setor de investimentos, além de ampliar o nível de conhecimento sobre o modelo de negócio das cooperativas.
Nesse sentido, o artigo traz algumas recomendações para ampliar esse tipo de investimento, como a realização de campanha de conscientização sobre o impacto das cooperativas na economia, a construção de parcerias com agências de risco de crédito para avaliação das cooperativas e a possibilidade de criação de um fundo de investimento dedicado a esse perfil de organização.
[1] Ligados a empreendedores, cooperativas e fundos de investimento.
Este texto é baseado no artigo Como fundos de investimento venture capital podem apoiar o financiamento sustentável de cooperativas?, da autora Ana Paula Bernardino Paschoini, publicado na Revista do BNDES 54.
A difusão da agenda ESG no Brasil e no mundo
Investidores anjo: ajudando empresas a sair do papel
O Texto para Discussão 163, “Três décadas – O BNDES depois da estabilização: 1994-2023”, de autoria dos economistas do BNDES Fabio Giambiagi, Gilberto Borça Jr. e Letícia Magalhães, apresenta um conjunto de dados financeiros e operacionais do Banco referentes ao período que vai de 1994 (em alguns casos) a 2023. Além de contribuir para que se compreenda melhor o desempenho do BNDES, o estudo buscar ser mais um veículo de prestação de contas da instituição.
