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A indústria aeronáutica e o contexto do acordo entre Boeing e Embraer

Uma série de fatos relevantes na indústria aeronáutica pode levar a desdobramentos futuros com potencial para alterar o equilíbrio de forças que até agora existiu. O mais recente deles, a composição entre Embraer e Boeing, vem gerando muita especulação na imprensa mundial e, no caso do Brasil, inúmeras questões quanto à configuração desse acordo e suas consequências para a empresa brasileira e o país. 

A concorrência no mercado de aeronaves regionais – Bombardier e Embraer

Para entender os desdobramentos atuais, é preciso recuperar o histórico da disputa entre a Embraer e a canadense Bombardierpelo mercado de jatos regionais – principalmente, o pujante mercado de aviação regional norte-americano, que concentra aproximadamente 75% das aeronaves desse porte vendidas no mundo. 

De 1997 a 2004, a Bombardier dominou esse mercado, respondendo por mais de 50% das aeronaves entregues. Com o lançamento dos E-Jets (E170, em 2004, E175 e E190, em 2005, e E195 em 2006) pela Embraer, a companhia brasileira assumiu, a partir de 2004, o posto de terceira maior fabricante de aeronaves comerciais a jato, atrás apenas de Boeing e Airbus. Por uma questão de escala, a fabricante brasileira não tinha como objetivo concorrer com as duas últimas companhias, sendo a recíproca verdadeira. 

 

Bombardier CS100, aeronave para a faixa de 108 a 135 assentos que concorre com o E190-E2 da Embraer. Foto Yan Gouger/Wikimedia Commons.

Bombardier CS100, aeronave para a faixa de 108 a 135 assentos que concorre com o E190-E2 da Embraer. Foto Yan Gouger/Wikimedia Commons.

Em meados dos anos 2000, o lançamento pela Bombardier do programa CSeries – direcionado ao segmento de aeronaves de até 150 assentos – marcou uma mudança nesse cenário e surgiu como uma ameaça direta aos maiores fabricantes mundiais, já que tanto a Airbus quanto a Boeing já produziam aeronaves similares. Assim, nos anos seguintes, essas companhias reagiram lançando, respectivamente, os novos programas A320neo (2010) e B737MAX (2011). A Embraer, em 2013, lançou também sua nova geração de aeronaves, os E-Jets E2

O sucesso dos novos programas de aeronaves da Embraer, da Boeing e da Airbus vis-à-vis o pouco expressivo número de pedidos da Bombardier, assim como atrasos no programa CSeries, tornaram a situação financeira da Bombardier delicada em 2015.

Diante desse quadro, várias instâncias governamentais canadenses atuaram para aportar recursos públicos para a empresa, o que levou a reações do Brasil, com a instalação de um painel na Organização Mundial do Comércio (OMC), e da Boeing, com o acionamento de órgãos de defesa da concorrência dos EUA.

 

Novas parcerias mudam o panorama do mercado de aviação comercial

Mesmo com a indefinição do caso na OMC, em outubro de 2017, a Airbus e a Bombardier surpreenderam o mercado com o anúncio da constituição de uma parceria no CSeries. Por meio dela, o consórcio europeu (Airbus) aportaria à empresa canadense sua experiência em marketing, vendas, suporte aos clientes no pós-vendas e gerenciamento com fornecedores. Além disso, ofereceria suas instalações fabris na cidade de Mobile (estado do Alabama, nos EUA) para a montagem de parte da produção das aeronaves do programa.  

Em um movimento de mercado não totalmente inesperado, apenas dois meses depois desse anúncio, Boeing e Embraer sinalizaram também, em dezembro de 2017, planos para uma “potencial combinação", mostrando que uma possível reconfiguração do mercado está em curso. 

O conteúdo deste texto foi extraído e adaptado do artigo Embraer e Boeing vis-à-vis Airbus e Bombardier: quais as implicações para o Brasil?, dos autores Sérgio Bittencourt Varella Gomes, João Alfredo Barcellos e Nelson Tucci, publicado no BNDES Setorial 47.​

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