Pular para o conteúdo principal

Menu

Indústria e comércio exterior Post

Impactos da autopublicação no setor editorial

Com o surgimento dos e-books, a autopublicação tornou-se muito mais acessível aos autores, alavancada pela grande oferta de serviços on-line com essa finalidade, como o Kindle Direct Publishing (Amazon), o CreateSpace (também da Amazon, destinado a literatura, música e audiovisual) e o Smashwords. Alguns especialistas no setor editorial entrevistados para a realização do artigo Tendências da era digital na cadeia produtiva do livro, publicado no BNDES Setorial 43, veem a autopublicação como positiva do ponto de vista da bibliodiversidade, já que aumenta a quantidade de novos títulos à disposição dos leitores.

Com o surgimento dos e-books, a autopublicação tornou-se muito mais acessível aos autores, alavancada pela grande oferta de serviços on-line com essa finalidade, como o Kindle Direct Publishing (Amazon), o CreateSpace (também da Amazon, destinado a literatura, música e audiovisual) e o Smashwords.

Alguns especialistas no setor editorial entrevistados para a realização do artigo Tendências da era digital na cadeia produtiva do livro, publicado no BNDES Setorial 43, veem a autopublicação como positiva do ponto de vista da bibliodiversidade, já que aumenta a quantidade de novos títulos à disposição dos leitores. Além disso, os títulos digitais autopublicados são normalmente vendidos a preços menores quando comparados aos preços dos livros digitais lançados por meio de editoras, o que ampliaria as condições de acesso aos livros. Os autores Greco et al. (2013) e Rimscha e Putzig (2013) consideram que a tendência à autopublicação pode contribuir para reduzir as já baixas barreiras à entrada no elo editorial.

Aparentemente, as editoras não demonstram preocupação com a autopublicação basicamente por duas razões. Em primeiro lugar, a avaliação é de que a expressiva maioria dos títulos autopublicados seria recusada – e alguns efetivamente foram – por editores, o que mostra que a concorrência não é direta. Em segundo lugar, a baixa rentabilidade, ou mesmo prejuízo, é uma constante nessas obras, e os autores que, excepcionalmente, se destacam com grandes tiragens passam a chamar a atenção das editoras. É como se as autopublicações funcionassem como um laboratório para testar o desempenho de obras e de escritores, uma vitrine para as editoras, cujos serviços seriam valorizados e desejados pela maioria dos autores.

Trata-se, portanto, de um efeito indireto sobre a bibliodiversidade, ao constituir um mecanismo organizado de geração de novas oportunidades para o mercado editorial profissionalizado. Ao entrar nesse mercado, a editora presta serviços de qualificação do conteúdo editorial, de marketing e de comercialização dos livros, com expectativa de incremento expressivo das vendas. Ainda que a remuneração do autor se reduza a percentuais até seis vezes menores do que na autopublicação, o retorno em valor absoluto pode ser vantajoso para o autor. As editoras parecem acreditar no valor gerado pelos seus serviços e confiam que a autopublicação não seria ameaça
ao seu negócio.

Por fim, cabe registrar dados divulgados pela Bowker, empresa especializada em informações bibliográficas, sobre o mercado dos EUA, que mostram um crescimento de 437% no número de livros autopublicados de 2008 a 2013, ano em que o total de títulos ultrapassou 458 mil. Em 2013, esse crescimento foi de 17%, chegando a 29% para o conjunto de autopublicações impressas. Se comparados aos 28 milhões de títulos de livros catalogados no Bowker Print in Books, nos EUA, as autopublicações já representam 1,5% desse total. Embora esse percentual ainda seja pequeno, é possível que se esteja diante de um fenômeno com forte perspectiva de crescimento (OIESTAD; BUGGE, 2014).

Esse texto é um trecho de artigo sobre tema mais amplo: Tendências da era digital na cadeia produtiva do livro, publicado no BNDES Setorial 43, com autoria de Gustavo A. T. de Mello, Diego Nyko, Fernanda M. J. N. Garavini e Patrícia Zendron, empregados do BNDES.

 

Baixar o artigo completo

 


Referências

 
GRECO, A. N. et al. The book publishing industry. Londres e Nova York: Routledge, 2013.
RIMSCHA, M. B.; PUTZIG, S. From book culture to Amazon consumerism: does the digitization of the book industry lead to commercialization? Publishing Research Quarterly, n. 29, 4: 318-335, dez. 2013.
OIESTAD, S.; BUGGE, M. M. Digitisation of publishing: Exploration based on existing business models. Technological Forecasting & Social Change, n. 83, p. 54-65, Mar. 2014.

Se você gostou desse conteúdo, confira esses:

Capa da noticia - Estratégia de investimento em mercado de capitais: priorizando a agenda verde
Indústria e comércio exterior
Entrevista

Estratégia de investimento em mercado de capitais: priorizando a agenda verde

Conversamos com Marcelo Marcolino, superintendente da Área de Mercado de Capitais, Investimentos e Participações do BNDES, e representantes de duas das novas empresas investidas pela BNDESPAR – Vinicius Mazza, Diretor de Finanças e Gente e Gestão da Santa Clara Agrociência Industrial, e Eduardo Couto, CFO da Eve Air Mobility – sobre a importância da atuação de bancos de desenvolvimento no mercado de capitais, a nova estratégia do BNDES e os planos das investidas.
Capa da noticia - Como o crédito à exportação contribui para o desenvolvimento?
Indústria e comércio exterior
Post

Como o crédito à exportação contribui para o desenvolvimento?

Como diferentes países têm estruturado seus sistemas públicos de crédito à exportação? Confira um panorama das principais experiências internacionais e entenda como esses sistemas contribuem para o crescimento econômico, a inovação e a inserção competitiva no mercado global.

Capa da noticia - Minerais críticos: oportunidades e desafios para a indústria brasileira
Indústria e comércio exterior
Entrevista

Minerais críticos: oportunidades e desafios para a indústria brasileira

Os elementos de terras raras têm papel fundamental na descarbonização e transição energética e o Brasil conta com os recursos naturais necessários para despontar como player nesse setor. Conversamos com Constantine Karayannopoulos, especialista na indústria de terras raras e minerais críticos, para entender o potencial do Brasil e alguns passos que precisam ser tomados para alcançarmos esse objetivo.
Capa da noticia - Texto para discussão analisa atuação de bancos asiáticos de financiamento ao comércio exterior
Indústria e comércio exterior
Post

Texto para discussão analisa atuação de bancos asiáticos de financiamento ao comércio exterior

Texto para Discussão 162, de autoria de Bruno Galvão dos Santos, avalia como eximbanks de China, Japão, Coreia do Sul, Índia, Taiwan, Malásia, Tailândia e Turquia conciliam sustentabilidade financeira com a meta de oferecer créditos a custos reduzidos, apresentando seus históricos, discutindo seus custos e suas fontes de financiamento e descrevendo seus produtos e focos de atuação.