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O futuro das instituições culturais: tecnologia e colaboração em rede

Os museus brasileiros fazem parte do grupo de instituições responsáveis pela manutenção e preservação do patrimônio cultural e, portanto, da identidade e da memória do país. Diante da transformação digital vivida pelo mundo nas últimas décadas, essas instituições têm a oportunidade de adotar novos modelos de gestão e de interação com a sociedade, que favoreçam sua longevidade e sustentabilidade financeira.

Os museus brasileiros fazem parte do grupo de instituições responsáveis pela manutenção e preservação do patrimônio cultural e, portanto, da identidade e da memória do país. Diante da transformação digital vivida pelo mundo nas últimas décadas, essas instituições têm a oportunidade de adotar novos modelos de gestão e de interação com a sociedade, que favoreçam sua longevidade e sustentabilidade financeira.

 

O potencial das TIC para as instituições culturais

 

As novas tecnologias de informação e comunicação (TIC) podem ter grande impacto na produção, armazenamento, circulação, fruição e consumo dos conteúdos disponíveis em museus, arquivos, bibliotecas, cinematecas, etc. Com a pandemia de Covid-19, isso ficou ainda mais evidente e a incorporação de soluções tecnológicas tornou-se fundamental para a própria manutenção das atividades e da interação com o público, sem falar na sustentabilidade financeira.

 

Segundo a pesquisa TIC Cultura, realizada em 2018, a maioria das instituições culturais mapeadas ainda utilizava a internet principalmente como meio de divulgação de suas atividades, e não como uma plataforma para acesso a seus acervos. Como exemplo, apenas 10% das instituições ofereciam algum tipo de visita virtual e somente 15% dos museus disponibilizavam catálogos de seus acervos na internet.

 

Sendo assim, estimular a adoção de soluções tecnológicas inovadoras é um dos principais campos em que gestores, financiadores e patrocinadores podem contribuir para o futuro das instituições culturais, seja por meio da estruturação de novos modelos de negócio ou da formulação de políticas públicas direcionadas a isso. Como exemplos dessas soluções, é possível citar a criação de produtos “servicificados” (product as a service), resultantes da utilização de inteligência artificial (IA), machine learning, internet das coisas (IoT) e da integração de repositórios digitais (metadados), ou ainda o uso de  plataformas peer-to-peer ou marketplaces para criação de produtos, financiamento de projetos e solução de problemas.

 

As vantagens do trabalho em rede

 

O trabalho em rede pode incentivar modelos inovadores de relacionamento entre as instituições, seus pesquisadores e a comunidade em geral, além de alterar a relação da sociedade com a oferta/consumo de serviços e produtos ofertados por essas instituições, rompendo com os modelos tradicionais, suas cadeias produtivas e regulamentações. Pode contribuir também para potencializar parcerias entre diferentes setores (tecnológico, cultural, científico etc.), atores (setor público, privado e terceiro setor) e níveis (federal, estadual e municipal).

 

O meio digital ajuda a promover espaços colaborativos, o que possibilitaria às instituições culturais e de memória estabelecer redes integradas com o objetivo de partilhar recursos humanos, financeiros e tecnológicos, além de saberes e capacidades. Na Europa, por exemplo, a biblioteca virtual Europeana abriga cerca de 53 milhões de itens digitalizados provenientes de 3,7 mil instituições memoriais espalhadas pelo continente. Já nos EUA, a Digital Public Library of America (DPLA) é uma rede formada por 2 mil bibliotecas, arquivos e outras instituições norte-americanas, que reúne cerca de 14,5 milhões de itens digitalizados.

 

Algumas estratégias que podem favorecer as práticas colaborativas em instituições culturais são:

  • Engajamento – estratégias de envolvimento coletivo, como crowdsourcing (tipo modelo wiki de catalogação, como Wikipedia), desenvolvimento compartilhado de APIs (aplicattion programming interface), credenciamento voluntário, etc.
  • Economia colaborativa – crowdfunding de produto ou de investimentos.
  • Gamificação ou ludificação – dinâmica de mimetização de mecânicas competitivas e colaborativas promovidas na esfera lúdica em que o engajamento está diretamente associado a retornos crescentes sobre a obtenção de resultados.

 

Um novo modelo de financiamento para o patrimônio histórico

 

Lançado em 2019, o programa Matchfunding BNDES+ foi estruturado como ação de economia colaborativa voltada para alavancar recursos para o financiamento de projetos de patrimônio cultural selecionados de acordo com o interesse da sociedade. O programa foi baseado em um aporte do BNDES equivalente ao dobro do valor captado com doadores individuais por meio de de crowdfunding.

 

Em sua mais recente edição, chamada de BNDES+Lab, o programa teve como foco a seleção de projetos que utilizassem a internet para ampliar a experiência do público com patrimônios materiais e imateriais – saiba mais sobre os projetos apoiados. Dessa forma, a iniciativa vem contribuindo para valorizar o engajamento do público, potencializar o impacto financeiro e incorporar soluções tecnológicas aos projetos de preservação do patrimônio histórico brasileiro apoiados pelo Banco.

 

A adaptação da gestão das instituições culturais, com a incorporação de tecnologias digitais e de modelos de trabalho em rede, é um processo complexo, mas que preza por expandir o acesso e a preservação ao patrimônio artístico e cultural brasileiro. É ainda um caminho para responder as demandas identificadas na sociedade de tornar a visitação mais atrativa, aumentar o investimento em educação e diminuir a distância dos consumidores de cultura.

 

Esse texto é baseado no artigo Cultura, instituições e sustentabilidade: novos horizontes para a gestão de projetos, da autora Fernanda Menezes Balbi, publicado na Revista do BNDES 52.

 

Leia o estudo completo

 

 

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