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Energia elétrica: desafios e oportunidades para o setor

Além de fazer um comparativo dos investimentos em infraestrutura no mundo e no Brasil e de tratar da questão do financiamento ao setor, o TD 112 - Infraestrutura no Brasil: Ajustando o foco aborda os principais desafios e oportunidades em quatro segmentos da infraestrutura no país: saneamento, logística, energia elétrica e telecomunicações.

O Texto para discussão 112 – Infraestrutura no Brasil: Ajustando o foco, de Alexandre Pereira e Fernando Puga, foi lançado esta semana e encontra-se disponível para download em nossa biblioteca digital.

Além de fazer um comparativo dos investimentos em infraestrutura no mundo e no Brasil e de tratar da questão do financiamento ao setor, o texto aborda os principais desafios e oportunidades em quatro segmentos da infraestrutura no país: saneamento, logística, energia elétrica e telecomunicações.

 

Conheça os principais desafios para o setor de energia elétrica:

O setor elétrico iniciou um significativo ciclo de investimentos em 2009, que teve seu ápice em 2012, com a construção de grandes usinas hidrelétricas na região Norte (Belo Monte, Santo Antônio e Jirau). Atualmente, o Brasil tem em operação 147 GW de potência instalada, estando prevista para os próximos anos uma adição de 26 GW da capacidade de geração (cerca de sete anos). O acesso dos brasileiros a serviços de eletricidade está próximo da universalização, o que coloca o país no mesmo nível de outras economias de renda média.

Olhando à frente, as decisões de investir no setor, sobretudo no curto prazo, estarão mais ligadas à mudança no perfil do consumo e na matriz energética do que ao aumento da demanda de energia. Pondo em números, nos últimos dez anos, a elasticidade-renda do consumo de eletricidade no Brasil foi, em média, igual a 1,13. O pior desempenho da indústria em relação ao setor de serviços, por sua vez, vem contribuindo para a redução dessa elasticidade, nos anos recentes. Com o aumento do preço da eletricidade, observa-se também perda de competitividade e declínio de setores intensivos no uso de energia, como é o caso do alumínio. A tendência é de que o consumo de energia apresente desempenho próximo ao do PIB. Como o Brasil passa por período de retração econômica e vislumbra-se que a recuperação será gradual, o aumento da demanda por energia tende a ser modesto.1 

Independentemente do cenário macroeconômico, as oportunidades de investimento serão maiores na diversificação da matriz energética, por conta da crescente conscientização mundial sobre os efeitos nocivos que os projetos em energia podem causar no meio ambiente, restringindo a construção de grandes barragens hidrelétricas. Também deverá haver crescente redução do uso de combustíveis fósseis na produção de energia, até mesmo o gás natural, que é mais limpo que a gasolina, porém, também causa efeito estufa. Há ainda impactos não devidamente avaliados na conversão de veículos automotivos movidos a combustíveis fósseis para os movidos a energia elétrica.

Oportunidades em energia elétrica

A tendência é de que as fontes renováveis não hídricas continuem a ganhar espaço na matriz energética. O Gráfico 4 mostra a perspectiva da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) de expressivo aumento da participação da biomassa, e das energias eólica e solar na matriz. Esposito (2016) considera que o potencial brasileiro para exploração da energia fotovoltaica e da heliotérmica é imenso, sobretudo na região Nordeste. Em relação à biomassa, o autor destaca que o Brasil tem cerca de 20 GW (representa cerca de 15% da matriz elétrica) de potencial de geração de energia de biomassa que poderia ser implementado em curto espaço de tempo. Embora essa fonte de energia seja ainda cara em relação às demais, a evolução da tecnologia de bioetanol por hidrólise tende a reduzir o uso da biomassa para geração de energia elétrica. Essa tecnologia (bioetanol por hidrólise), que é muito promissora, ainda está em fase de desenvolvimento, apesar de já haver alguns projetos de porte comercial.

BNDES - imagem ilustrativa

Os avanços tecnológicos colocam também a importância de considerar a geração nuclear de energia elétrica, que não emite gases do efeito estufa. Os reatores de quarta geração propostos são altamente seguros (estudos mostram que a energia nuclear é a fonte que tem causado menos acidentes)2 e oferecem energia elétrica firme com alto fator de potência (acima de 90%), que estabilizaria o fornecimento desse serviço. A grande vantagem dessa quarta geração é que alguns reatores permitem reduzir drasticamente os resíduos radioativos. Atualmente, está em discussão o marco regulatório para a exploração da energia nuclear, com o propósito de incentivar parcerias entre a iniciativa privada e estatais elétricas.

Outra oportunidade de investimento está nas ações voltadas ao aumento da eficiência energética. De acordo com Esposito (2016), a aplicação de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), tais como as Redes Elétricas Inteligentes (REI), poderá gerar ganhos de eficiência associados, por exemplo, a: (i) decisão de consumo inteligente, permitindo ao consumidor ajustar seu consumo de energia para momentos em que a energia esteja mais barata; (ii) identificação de pontos na rede de distribuição em que há furto de energia; e (iii) redução de custos de supervisão e manutenção de redes, por meio do sensoriamento remoto.

 

1 Caso a tendência atual não se concretize e haja uma retomada do crescimento mais vigorosa, será necessário se antecipar ao aumento da demanda, promovendo novo ciclo de expansão dos investimentos em energia hidrelétrica.

 

2 Ver Hargreaves (2012).


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Referências

ESPOSITO, A. Perspectivas para o setor elétrico brasileiro nos próximos 15 anos. Rio de Janeiro: BNDES, 2016. Mimeo.

HARGREAVES, R. Thorium energy cheaper than coal. Createspace Independent Publishing Platform. Kindle Edition, 2012.

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