O produto interno bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2025 (1T/2025) apresentou forte crescimento de 1,4% na margem, em comparação com o quarto trimestre de 2024 (4T/2024), na série livre de influências sazonais – ligeiramente abaixo do 1,5% previsto pelo mercado.
Em valores correntes, o PIB alcançou R$ 3,02 trilhões no 1T/2025 e subiu 2,9% em termos reais na comparação com 1T24.
Esse resultado reverte, pelo menos parcialmente, a desaceleração da atividade econômica observada ao longo do segundo semestre de 2024, mas guarda relação com o ocorrido no mesmo período para os anos de 2023 e 2024, em que a economia teve forte expansão nos primeiros três meses do ano.
Variação do PIB (var. % T/T-1, com aj. sazonal)

Agropecuária contribui para crescimento da oferta
Com relação à oferta agregada, a agropecuária teve forte contribuição (de 0,4 pontos percentuais), apresentando crescimento de 12,2% no 1T/2025. As últimas estimativas (divulgadas em maio) para a atual safra de grãos (2024/2025) continuam prevendo uma safra recorde.
A indústria recuou -0,1% no trimestre, frente ao 4T/2024, e os serviços tiveram alta de 0,3%, contribuindo com 0,2 p.p. para a alta do PIB. Já são 19 semestres consecutivos de expansão do setor de serviços.
Demanda: aumento das importações puxam retração das exportações líquidas
Pelo lado da demanda, as exportações líquidas tiveram contribuição negativa de -0,6 p.p.: apesar do avanço de 2,9% das exportações no 1T/2025, as importações cresceram 5,9%, devido à manutenção do elevado ritmo de expansão da economia e da importação de plataforma de petróleo. As vendas internas voltaram a avançar no primeiro trimestre do ano, com contribuição positiva de 1,2 p.p.
Consumo das famílias
O mercado de trabalho aquecido, a expansão das concessões de crédito para pessoas físicas, a valorização do salário-mínimo e a liberação de parte do FGTS para o saque-rescisão dos trabalhadores demitidos que optaram por modalidade de saque-aniversário entre 2020 e março de 2025 impulsionaram o consumo das famílias, cuja queda do 4T/2024 foi revertida com avanço de 1,0% no trimestre (contribuição de 0,7 pontos percentuais).
FBCF continua crescendo
Já a formação bruta de capital fixo (FBCF) continuou a apresentar bom desempenho, com crescimento de 3,1% no trimestre e contribuição positiva de 0,5 p.p., em grande parte devido à importação de plataforma de petróleo.
Essa dinâmica repercutiu na alta de 0,3 p.p. da taxa de investimento (FBCF/PIB) brasileira, que passou, no acumulado de quatro trimestres, de 17,0% no 4T/2024 para 17,3% no 1T/2025.
Mesmo com o crescimento da taxa de investimento, seu patamar continua relativamente baixo, sobretudo quando comparado há uma década, quando a FBCF atingiu valores em torno de 20% em proporção do PIB.
Previsões para 2025
Para o ano de 2025, o carry-over (carregamento estatístico) é de 2,2%. Isto é, se a economia brasileira tiver variações nulas ao longo dos demais trimestres de 2025, o crescimento médio anual frente a 2024 será de 2,2%.
A mediana das expectativas de mercado para o crescimento da economia em 2025, coletadas no Boletim Focus, que vem sendo revisada para cima nas últimas semanas, aponta, atualmente, para uma expansão de 2,14% em 2025 (23 de maio de 2025), enquanto a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda indica uma estimativa de 2,4% (Brasil, 2025).
Em resumo, a atividade econômica no Brasil apresentou um desempenho robusto no primeiro trimestre de 2025, superando as expectativas do início do ano e indicando uma reaceleração frente aos últimos três meses de 2024.
Apesar da expressiva alta do PIB no primeiro trimestre, a expectativa é de que o ritmo de crescimento apresente moderação ao longo do restante de 2025, com uma possível desaceleração mais acentuada no segundo semestre. Esse movimento tende a ser influenciado por uma política monetária em terreno contracionista e pela diminuição dos estímulos fiscais do Governo Federal em função da contenção de R$ 31 bilhões (bloqueio e contingenciamento) anunciados no final de maio. Por outro, algumas medidas podem atenuar esse processo, como: (i) o fortalecimento do crédito consignado no setor privado; (ii) o pagamento de precatórios previsto para ocorrer a partir de julho; iii) o aumento salarial de servidores públicos federais e estaduais (ocorrido em maio/2025) e iv) a continuidade da expansão dos gastos dos entes subnacionais.