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PIB do segundo trimestre surpreende e aponta para uma economia forte com viés de alta

O produto interno bruto do 2T24 teve alta de 1,4% na margem, livre de influências sazonais, acima das expectativas do mercado (de 0,9%). Do lado da oferta, merecem destaque as contribuições de serviços (+0,6 p.p.) e indústria (+0,4 p.p.). Quanto à demanda, as exportações líquidas contribuíram negativamente (-1,0 p.p.), enquanto os indicadores das vendas internas foram positivos (+1,5 p.p.), com comportamento homogêneo entre seus principais componentes. Veja as perspectivas para o ano.

Edição n. 31/2024

O produto interno bruto (PIB) do segundo trimestre de 2024 (2T/2024) teve alta de 1,4% na margem, livre de influências sazonais. Acima das expectativas do mercado, que previa alta de 0,9%, esse resultado demostra a aceleração da atividade econômica em relação aos três primeiros meses do ano – a despeito dos eventos climáticos extremos ocorridos no Rio Grande do Sul – e ao segundo semestre de 2023.

 

Fatores que influenciaram a alta do PIB no 1S24

A alta do PIB no primeiro semestre de 2024 foi beneficiada por uma série de fatores, como o pagamento antecipado de R$ 93,1 bilhões de precatórios pelo Governo Federal no fim de 2023 e de cerca de R$ 30 bilhões dos precatórios previstos para 2024 no primeiro trimestre do ano. Soma-se a esse impulso fiscal de curto prazo, o aquecimento do mercado de trabalho e o aumento da massa de rendimentos, a melhoria das condições de crédito e do mercado de capitais e a continuidade do ciclo de afrouxamento monetário.

Esses fatores contribuíram para manter o consumo das famílias aquecido e impulsionar o investimento ao longo do primeiro semestre de 2024.

 

Oferta agregada

A principal contribuição para o crescimento relativo à oferta veio dos serviços – +0,6 pontos percentuais (p.p.) –, com expansão de 1,0% no 2T/2024 em comparação ao 1T/2024, com ajuste sazonal. O setor de serviços, em geral o que dita o ritmo de crescimento brasileiro pelo lado da oferta, registra alta acumulada de 23,2% desde o período de recuperação pós-pandemia, a partir do 3T/2020.

A indústria também contribuiu significativamente no 2T/2024: +0,4 p.p. vis-à-vis o 1T/2024, na série livre de influências sazonais. Destaque para a atividade manufatureira (alta de 1,8%), de construção (alta de 3,5%) e dos serviços de utilidade pública, eletricidade, água e esgoto (SUIP), com alta de 4,2%.

 

Demanda agregada

Quanto à demanda, houve forte contribuição negativa das exportações líquidas (-1,0 p.p.) para o resultado do 2T/2024. No que tange às vendas internas, a contribuição foi positiva (+1,5 p.p.) com comportamento homogêneo entre seus principais componentes.

 

Consumo das famílias

O consumo das famílias teve contribuição positiva de 0,9 p.p. ao resultado do PIB, com expansão de 1,3% no 2T/2024 em relação ao 1T/2024, nos dados com ajuste sazonal. Alguns fatores têm afetado positivamente o consumo das famílias: o aquecimento do mercado de trabalho, a aceleração do rendimento e da massa salarial real, políticas de valorização do salário-mínimo, reforço a programas de transferência de renda e melhorias nas condições de concessão de crédito.

 

Investimento

O investimento, medido pela formação bruta de capital fixo (FBCF), também teve contribuição positiva (+0,4 p.p.) ao resultado do PIB, com crescimento de 2,1% em relação ao 1T/2024, feito o ajuste sazonal. 

Mesmo com esse desempenho positivo da FBCF, a taxa de investimento permanece em patamares relativamente baixos: ao fim de 2021, atingiu 17,9% a preços constantes de 2023, ao passo que, na média dos últimos quatro trimestres, encerrados no 2T/2024, esse valor foi de 16,6%.

 

Expectativa positiva a partir do resultado do PIB 2T24

Alguns sinais positivos decorrentes do resultado do segundo trimestre de 2024:

  • a economia brasileira voltou a acelerar depois de um trimestre anterior já muito bom (o crescimento do primeiro trimestre de 2024 foi revisado de 0,8% para 1,0%);

  • manutenção de um forte crescimento da absorção interna, com destaque para o investimento, que obteve a maior taxa de crescimento entre os componentes da demanda; e

  • um carrego de 2,5% para o ano, muito acima do observado no trimestre anterior (1,0%).

 

Por outro lado, o crescimento da demanda doméstica acima do PIB tende a se refletir tanto em uma forte ampliação das importações e, assim, em piora na trajetória do saldo do balanço de pagamentos em transações correntes, quanto em uma inflação mais pressionada ligada aos componentes cíclicos, notadamente os preços dos serviços. Atualmente o baixo nível de ociosidade tende a gerar ajustes na trajetória da taxa de juros doméstica.

 

Perspectivas do PIB 2024

Se o PIB permanecer em seu atual nível, isto é, tiver crescimento zero nos próximos trimestres de 2024, a taxa média anual de expansão para 2024 em relação a 2023 será de 2,5% (carry-over). Por sua vez, caso o PIB tenha expansão 0,5% no 3T/2024 e no 4T/2024, a taxa média de crescimento do ano de 2024 seria de 2,9%. A mediana das expectativas de mercado coletadas no Boletim Focus de 30 de agosto de 2024 aponta para uma expansão de 2,5% em 2024.

Em 2024, à semelhança de anos anteriores, a atividade mostra um desempenho muito melhor do que o previsto no início do ano. No Boletim Focus, o crescimento previsto em janeiro de 2024 para o ano completo era de 1,5%.

Ao longo do segundo semestre deve-se observar uma desaceleração da atividade econômica, que não contará mais com a flexibilização monetária da Selic e deverá registrar um ajuste mais intenso nas despesas primárias da União em função do novo regime fiscal. Contudo, o crescimento anual de 2024 passa a ter um viés de alta, podendo, inclusive, ser bem próximo do ocorrido em 2023 (2,9%).

 

* Estudo baseado em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

>>Acesse o estudo completo

 

 

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