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Desafios para a implementação da agricultura 4.0 no Brasil

O setor do agronegócio representou mais de 21% do PIB do Brasil em 2019, de acordo com estimativas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Universidade de São Paulo (Cepea). Nos últimos vinte anos, o país passou da condição de um dos maiores importadores mundiais de alimentos para a de segundo maior exportador global. Essa mudança ocorreu tanto pela diminuição dos custos de operação quanto pelo aumento da produtividade do setor. Para que essa tendência de aumento de produtividade e redução de custos seja mantida, poupando recursos escassos como água e energia, o próximo passo será  incorporar as práticas da chamada agricultura 4.0.

O setor do agronegócio representou mais de 21% do PIB do Brasil em 2019, de acordo com estimativas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Universidade de São Paulo (Cepea). Nos últimos vinte anos, o país passou da condição de um dos maiores importadores mundiais de alimentos para a de segundo maior exportador global. Essa mudança ocorreu tanto pela diminuição dos custos de operação quanto pelo aumento da produtividade do setor.

 

Para que essa tendência de aumento de produtividade e redução de custos seja mantida, poupando recursos escassos como água e energia, o próximo passo será  incorporar as práticas da chamada agricultura 4.0. Baseadas na adoção de novas tecnologias da informação e comunicação (TIC), como inteligência artificial, analytics, big data, internet das coisas (IoT), sensores e rastreadores, essas medidas ampliarão a automatização e a digitalização de processos no campo.

 

A importância da banda larga para a agricultura 4.0

 

Para a boa aplicação e pleno funcionamento das tecnologias 4.0, ainda é preciso  expandir a cobertura de banda larga nas zonas rurais. Contudo, dados do Censo Agropecuário de 2017, do IBGE, revelam uma presença baixa de banda larga no campo.

 

Pequenos e médios agricultores são especialmente afetados por esse problema. A menor escala de produção e o desconhecimento sobre os potenciais benefícios da inserção de TICs ainda limitam os seus investimentos em novas tecnologias, incluindo alternativas para viabilizar a conectividade. Para acompanhar os ganhos de produtividade obtidos por grandes produtores, portanto, uma estratégia é que se organizem em cooperativas ou outras formas associativas, gerando a escala suficiente para viabilizar o investimento coletivo na conectividade rural.

 

Os pesquisadores Macedo e Carvalho mostram em estudo que há uma relação positiva entre o aumento de acessos de banda larga por habitante e o aumento do PIB e do PIB per capita. Embora as análises indiquem que essa relação costuma ser influenciada também pelo grau de urbanização e pela renda per capita dos municípios, os resultados mostram que municípios com atividade agrícola mais dinâmica também se beneficiam do aumento da conectividade rural.

 

O estudo de IoT contratado pelo BNDES estimou que o possível ganho econômico no ambiente rural brasileiro com a adoção de tecnologias de IoT estaria entre US$ 5,5 bilhões e US$ 21,1 bilhões, a depender do grau de adesão. O mesmo estudo destaca impactos positivos em quatro áreas, a partir do  uso de IoT no campo: (i) produtividade e eficiência; (ii) gestão de equipamentos; (iii) gestão de ativos/animais; e (iv) produtividade humana.

 

Para além de ganhos econômicos, o aumento da disponibilidade de internet de qualidade influencia em aspectos sociais. A conectividade rural pode contribuir, por exemplo, para reduzir o êxodo rural, uma realidade comum no território brasileiro caracterizada pelo deslocamento da mão de obra jovem para as grandes cidades. A integração desses indivíduos a ambientes tecnológicos diminui o sentimento de isolamento, permitindo que participem das mesmas atividades e ciclos sociais que a população urbana e reduzindo, assim, o impulso de imigração.

 

Como o BNDES atua para promover a agricultura 4.0?

          

O BNDES apoia a modernização do campo por meio de linhas de financiamento próprias, como o Inovagro, e daquelas disponibilizadas anualmente pelo Plano Safra. Dessa forma, contribui para que produtores isolados, cooperativas e empresas de todos os portes invistam em inovação tecnológica, aumentando sua produção e melhorando a gestão de seus negócios.

 

De forma complementar, atua para ampliar a infraestrutura de telecomunicações disponível no campo, o que permite o desenvolvimento da agricultura 4.0. Entre os anos de 2010 e 2019, o BNDES investiu mais de R$ 20 bilhões para a implementação de banda larga fixa e móvel no país. Especificamente para pequenos provedores de internet, responsáveis por levar banda larga a cidades com menor densidade populacional, já foram destinados mais de R$ 770 milhões desde 2007, beneficiando quase 1.300 municípios. 

 

São claras as diversas oportunidades que as TICs podem ter nas áreas rurais do Brasil. Os ganhos atravessam a economia e a sociedade em diversos pontos, impactando a vida de milhões de pessoas. Para que isso ocorra, é preciso ampliar o acesso à internet de banda larga em áreas rurais, estimulando investimentos compartilhados e contribuindo para destravar a difusão da agricultura 4.0 no país.

 

Este texto é baseado no artigo Conectividade rural: situação atual e alternativas para superação da principal barreira à agricultura 4.0 no Brasil, dos autores Artur Yabe Milanez, Rafael Vizeu Mancuso, Guilherme Baptista da Silva Maia, Diego Duque Guimarães, Carlos Eduardo Azen Alves e Rodrigo Ferreira Madeira, publicado no BNDES Setorial 52.

 

Baixe o estudo completo

 

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